Mestre Anderson Miguel

Mestre Anderson Miguel_foto_ José de Holanda
Foto: José de Holanda

MINIBIO

Nascido em Nazaré da Mata, “a capital do maracatu baque solto”, desde cedo Anderson Miguel esteve envolvido com o ritmo pernambucano. Aos 8 anos passou a participar de ensaios e encontros musicais arriscando versos. Com a herança da prática centenária do maracatu, aos 15 anos, ganhou a alcunha de Mestre, assumindo o Maracatu Águia Misteriosa. Aos 17 anos ao lado do pai, passou a integrar o Cambinda Brasileira, grupo de Baque Solto mais antigo em atividade. Em 2018 lança o disco Sonorosa com produção de Siba.

Sobre os processos criativos

→ Linguagens artísticas
Criado no ambiente dos maracatus, o artista dialoga com um rico universo cultural à sua volta. Um mundo com o maracatu e a ciranda como expressões clássicas e vivas, tradicionais e dinâmicas. Um ambiente onde ritmos, danças e expressões tradicionais seguem sendo guardadas, respeitadas e referenciadas. Anderson Miguel absorve as referências de seu habitat, inserindo elementos da cultura contemporânea em sua obra. Versos, rimas, melodias, cantos e improvisos que mantém a tradição, tratando da natureza, dos amores e das próprias expressões culturais. De seu olhar e vivência saem canções produzidas em manifestações do cotidiano, nos ensaios, festas, carnavais, apresentações ou gravações. Uma arte tradicional mantida através do tempo que ganha sabor contemporâneo sob a batuta de um mestre ainda jovem.

→ Conexões transdisciplinares
A própria vivência e envolvimento com o maracatu e a ciranda indica naturalmente uma relação e interação com outros saberes. A conexão com expressões populares que transpassa a música. Dança, performance, literatura e teatro fazem tão parte dos maracatus quanto o canto, o ritmo ou a melodia. As apresentações nos terreiros e nas festas envolvem todos esses elementos das quais o Mestre está intrinsecamente envolvido.

→ Processos de criação
Tendo crescido e vivendo em uma pequena cidade da zona da mata canavieira pernambucana, é natural que o ambiente ao seu redor sirva de inspiração ao artista. Os elementos da natureza, as expressões culturais, a relação da população com esses aspectos e com ela mesma, os amores. Mas também o mundo fora dali, as notícias que chegam pelos veículos de mídia, as conversas. Todos esses elementos fazem parte da criação dos versos e rimas que Mestre Anderson cria e improvisa, sempre alinhados às melodias e ritmos da cultura popular tradicional.

→ Saberes estéticos e culturais
Aspectos políticos, estéticas variadas da cena teatral e estética do teatro negro.

→ Saberes estéticos e culturais
Um dos jovens artistas que mantém viva algumas das manifestações culturais mais tradicionais de Pernambuco e do Nordeste, o maracatu e a ciranda. Promove o diálogo entre expressões tão fortes e importantes com a contemporaneidade, mantendo seus elementos em evidência ao mesmo tempo que dá dinamismo à sua força criativa. Como mestre, cantor e compositor cria e produz rima, conserva a arte do improviso de versos nos ritmos das batidas das alfaias e sob as ordens do apito.

→ Por que este artista foi escolhido para estar na categoria “novos artistas”?
Apesar do Brasil possuir uma produção musical imensa, diversa e variada, o mercado fonográfico é bastante restrito. Dominado por poucos gêneros musicais, este mercado também coloca o foco em produções com características contemporâneas. Há pouco espaço para ritmos e manifestações tradicionais. Ainda mais vindos de fora dos principais centros econômicos e midiáticos. É o caso do maracatu e da ciranda, tradições nordestinas que, mesmo mantendo uma produção recente e contínua, são completamente desprezadas pelo mercado. Mestre Anderson Miguel traz essa tradição, com uma linguagem contemporânea, dialogando com a atualidade sem deixar de lado aspectos tradicionais. Um artista novo de idade, mas já um mestre na arte de fazer versos, cantos e canções, que mantém um legado centenário de uma região fundamental da cultura pernambucana, nordestina e brasileira. Aos 26 anos tem uma trajetória como Mestre de Maracatu, e três discos lançados: Mestre Anderson e a Raiz da Mata Norte (2014), Mestre Anderson e Mestre Carlos Antônio – Dos Mestres para o Mestre (2017) e Sonorosa (2018).

Referências

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